Egalité? Liberté? Fraternité?

França está novamente no fio da navalha. Várias vozes anunciam uma reedição do Maio de 68, com a contestação juvenil a inundar as cidades, ao mesmo tempo que a reprovável violência que algumas franjas extremistas utilizam como arma de arremesso, perdendo a priori a razão e ensombrando uma luta perfeitamente válida.
Apesar deste elemento lamentável da violência, importa reflectir sobre o futuro das gerações jovens nos tempos que correm.
Os jovens em França foram para a rua protestar contra a forte possibilidade de, num contexto de primeiro emprego, mais concretamente nos dois primeiros anos, serem mandados, sem justa causa, para a rua.
O polémico CPE - Contrato do Primeiro Emprego - está no centro de toda a controvérsia.
É incontestável que as gerações actuais dispõem de toda uma parafernália de meios tecnológicos e de uma noção de conforto material que não era um dado adquirido para as gerações mais antigas. Mas também não é menos verdade que os jovens, sobretudo com qualificações superiores, se debatem com uma precariedade profissional assustadora. A anunciada falência do sistema de Segurança Social não é motivo de particular esperança no futuro.
Em Portugal, a situação de exécitos de licenciados que se vêem forçados a aceitar empregos precários, em que estão claramente subaproveitados, a par de um desemprego galopante, atingiu dimensões tremendas que deveriam gerar uma postura mais activa por parte dos mais jovens. Onde estão as grandes bandeiras? Os grandes ideais? Essa semente da revolução e da contestação (pacífica saliente-se)?
Em França, anuncia-se a maior manifestação de sempre para dia 28, estendendo-se a cerca de 160 cidades, unindo em uníssono as vozes de sindicalistas e de jovens que exigem que o seu futuro seja perspectivado com mais respeito por parte das entidades governativas.
Dossier Especial CPE no Le Monde

Comentários

Anónimo disse…
Em Portugal muitas vezes falta esta união e convergência de forças, em prol de perspectivas de vida em que haja um culto de segurança profissional, social e económica.

Em França estão a querer dar uma "arma mortífera" às entidades patronais que nunca previligiarão a formação contínua dos seus funcionários, esquecendo-se que a adaptação de quaisquer quadros superiores têm um período de adaptação e de enquadramento na empresa que pode ir aos dois anos.

Os governantes esquecem-se, cada vez mais, que os jovens de hoje poderão ser os grandes profissionas de amanhã, desde que tenham o devido apoio e a devida valorização.

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