Lisboa & Dubróvnik, cidades gémeas





























Há algo de indecifrável na luz de Lisboa que tem quase pretensões de exclusividade.
Quando fui à Croácia, em 2004, visitei Dubróvnik, mais conhecida como "a pérola do Adriático", um merecido qualificativo, pois esta cidade derrama beleza. Foram 10 horas de viagem em ferry (uma espécie de Titanic croata) que foram compensadas com a paisagem deslumbrante que se avista do cimo da muralha de Dubróvnik. Faltavam 10 implacáveis minutos para a muralha fechar e eu e as minhas amigas desatámos a correr escada acima com precisão de atletas olímpicas.
Correria desenfreada, alcança-se o cimo e depois vê-se a luz. Essa luz também indecifrável que me transportou, em segundos, para Lisboa. Apenas o silêncio é compatível com tamanha beleza.
Quando se olha para baixo, vê-se uma Alfama croata, mas organizada, clara, depurada (este asseio é, na Croácia, a regra e não a excepção). Já nem sequer os traços do famoso cerco se notavam, confinando-se a livros que se vendiam nos quiosques das suas ruas medievais.
Sentia falta, porém, dos cheiros e das cores do Tejo, do caos das pessoas que se atropelam, das vozes sonoras que percorrem os bairros ancestrais, do rádio em altos berros a transmitir um jogo do Benfica, das roupas penduradas a dançarem num bailado frenético, da multiplicidade de cores com que se tinge Lisboa.
Não sei de onde vem essa luz, mas talvez o fascínio resida no absoluto desconhecimento das causas. Sentem-se, porém, os efeitos: esta luz acompanha-nos para todo o lado…

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