Ai Timor...

Foi com tremenda perplexidade que assisti ao alucinante desenrolar dos acontecimentos mais recentes em Timor Leste.

Creio que quando rebentaram os tumultos e a agitação social, não se compreendia muito bem a génese de toda a discórdia. Nos meios de comunicação, denotava-se uma preocupação mais descritiva do que propriamente explicativa.

À medida que os confrontos iam adquirindo maiores proporções, surgiram então as explicações e muito se especulou sobre os eventuais motivos de um tamanho retrocesso. O governo de Timor Leste, consciente da insustentabilidade da situação, viu-se obrigado a apelar à ajuda internacional, com vista a garantir a segurança das populações, ou pelo menos a atenuar os efeitos do caos instalado.

Vemos imagens de jovens, assustadoramente jovens, a lançar pedras (numa espécie de estranha intifana), a queimar casas, enquanto as pessoas, desesperadas, desertam para as montanhas.

Há quem defenda que os interesses externos são os principais motores nefastos deste autêntico estado de sítio que se apoderou do país, varrendo-o sem dó nem piedade. O petróleo seria, desta feita, o grande móbil do crime. Por outro lado, há ainda quem aponte razões que se prendem com conflitos étnicos.

Porém, sejam quais forem os motivos, é verdadeiramente triste assistir a esta autêntica tragédia que assolou novamente Timor Leste, um país que, heroicamente, conquistou a sua auto-determinação e que, a passo e passo, foi renascendo das penosas cinzas de um passado recente. Foram inúmeras as vidas que pereceram em prol da causa da independência, da liberdade de afirmação enquanto país autónomo e detentor de uma identidade própria.

Ai Timor, como é triste o teu fado...

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