Caetanear


Electrizante. De todos os adjectivos que vêm à superfície para sintetizar o concerto de sábado passado no Coliseu de Lisboa, este parece-me o mais elucidativo.
O Caetano que se apresentou em palco nesse dia – completamente casual com os seus jeans rotos nos joelhos e acompanhado de um grupo de músicos claramente muito jovens – desarmou por completo o público e desfez lugares comuns. Desenganem-se os que pensam que Caetano iria dormir à sombra de um qualquer hit “telenovelesco” como sucedeu com o já tão mastigado “Sozinho”(adaptado, inclusivamente, para versões mais aceleradas de discoteca!) ou que se iria refastelar na segurança de ser uma referência obrigatória do panorama cultural brasileiro.
Neste último álbum – – Caetano enveredou por uma vertente marcadamente rock e por sonoridades bastante diversificadas, nos antípodas de qualquer ideia pré-concebida, chegando mesmo a pegar em clássicos da MPB e a dar-lhes surpreendentes roupagens de jazz.
Caetano é o símbolo do poder da permanente (re)invenção na música e na arte e também a prova de que mesmo quando já se atingiu o estatuto de verdadeiro ícone incontestável, é sempre possível refazer, surpreender, reformular, provocar, tendo por base a matéria-prima do culto das palavras. Caetano irá sempre derrubar pensamentos únicos e uniformizadores, contestando a (des)ordem da política internacional (“alguma coisa está fora da ordem na nova ordem mundial”, reza uma das músicas), as desigualdades sociais, a discriminação racial, as profundas clivagens entre poderosos e oprimidos, munindo-se para isso de uma arma mágica: a poesia. Porque criticar é preciso.

Comentários

Anónimo disse…
CONCORDO COMPLETAMENTE! ELECTRIZANTE!!!! Valeu mm a pena, foi uma optima noite, apesar de tantas vertígens! eheheh

Beijitos mtos!
Di

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