Conduzo, logo existo


Já é suficientemente embaraçoso ter já passado a temível barreira dos 30 (quando ainda nos sentimos completamente teenagers), mas mais embaraçoso ainda será não ter carta de condução, sendo que esta é, nos tempos que correm, um requisito tão vital como respirar ou dominar o Inglês e as novas tecnologias.
A minha primeira tentativa de entrada no mundo dos cidadão automobilizados deu-se em mil nove e noventa e oito (há 11 anos, pasme-se!). Curiosamente, adorava as aulas de condução e até levava amigas (vulgo, mártires) para assistirem à demonstração da minha perícia automobilística, completamente convicta de que iria superar essa prova, sem qualquer questão de maior.
No entanto, o exame de condução afigurou-se um desastre, fruto do meu estado de nervos, da falta de tacto do examinador e acabei mesmo por chumbar. Como nunca lidei propriamente bem com o falhanço, decidi que o mundo das 4 rodas não era para mim e que iria investir em bons sapatos que me levariam aos 4 cantos do mundo.
(A conta de conserto de calçado ao fim do mês é colossal, admito!)
Ao contar mil vezes esta histórias a todos aqueles que, incrédulos perante o meu carácter autónomo, acabava sempre por dar exemplos de figuras públicas (inevitavelmente intelectuais) que também não tinham carta de condução, o que, de certa forma, me conferia uma certa aura de excentricidade.
Nunca fiz depender a minha autonomia de 4 pneus, é um facto! Sempre calcorrei todos os trilhos e mais alguns sem me sentir num estado de menoridade em relação a qualquer outro cidadão "encartado".
Volvidos 11 anos, decidi superar este meu trauma e este meu indisfarçável falhanço de outros tempos (mas não menos embaraçoso) e agora estou a tirar a carta. Como ainda estou na fase da teoria, tudo me parece demasiado improvável e até longínquo. Sei que vou estremecer quando meter primeira, mas espero conseguir vencer este fantasma e esta inquestionável limitação.
Se a coisa correr mal outra vez, terei de me concentrar, com todo o afinco, na próxima colecção de calçado Outono/Inverno!...E esquecer o alcatrão.

Comentários

Inês disse…
O que me ri a ler este post :-)

Ana, Ana, ninguém é incapaz de nada. Todos têm força para vencer e lutar pelo que queremos.
Por isso, vai correr tudo bem e não tarda em vez de meteres a primeira, já andas na auto-estrada a meter a quinta :-)

Depois da carta, venha o Fiat 500 :-)

Bjinho miga

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