Da comicidade

Neste Inverno tão longo, quase eterno, reflicto sobre a comicidade e a importância do riso no contexto da existência humana, algo que está nos antípodas de um dia tão cinzento. A chuva não se compadece, por norma, com estados de espírito esfuziantes. Adiante... O riso funciona como catalisador, muitos dirão também como um refúgio perante o profundo absurdo da vida.
Nunca levo a sério as pessoas que se levam demasiado a sério. Sinto-me imediatamente fascinada por aqueles que fazem da auto-ironia a melhor arma e se riem de si próprios, como tão magistralmente o faz Woody Allen, o génio do cómico que aproveita todas as matérias e materiais para questionar a condição humana e torná-la compreensível à luz da absoluta incompreensão que lhe subjaz. De Woody Allen para Camus vai um passo apenas. É deveras ténue esta linha que se espraia do riso até à dor. Prefiro, porém, ficar do lado do riso e deleitar-me com ele, pois tudo é potencialmente risível! Hoje é um daqueles dias em que preferia rever Husbands and Wives a reler A Peste...
Mas, neste campo, não cedo a fundamentalismos, pois considero igualmente genial o humor de Seinfeld que instrumentaliza os pequenos nadas quotidianos e os transforma em matéria-prima cómica. É curioso observar que há uma série de comportamentos, atitudes, padrões que se repetem incessantemente, em todo o mundo. Os dilemas existenciais dos personagens de Seinfeld são também os nossos: encontrar o carro num parque de estacionamento de um centro comercial e acabar invariavelmente perdido e a filosofar sobre a vida; acabar uma relação de amizade (bem mais complexo do que pôr fim a uma relação amorosa!); passar horas no café com conversas ridículas desprovidas de sentido e que são curiosas fontes de prazer...
Remato com uma citação de Woody Allen: "Not only is there no God, but try getting a plumber on weekends. "

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