Palavras de silêncio

Sempre quis aprender todas as línguas possíveis e imaginárias, talvez com o objectivo inconsciente de viver numa qualquer Torre de Babel, em que conseguisse comunicar com todas as pessoas e, docemente, deambulasse por todo esse conjunto infindável de signos e sinais, com uma leveza desarmante.
A Língua Gestual Portuguesa é muito motivada pelos ícones do mundo exterior. Cada gesto, cada palavra parecem fazer todo o sentido, o que não significa que seja uma língua fácil. De todo! Creio que o mais árduo é ler as palavras com a mesma destreza com que soletramos as letras. Ficamos deslumbrados por dizer o nosso nome em LGP, mas quando tentamos ler o que a outra pessoa nos está a dizer, aí a questão adensa-se.
Na primeira aula de LGP, desfizeram-se alguns equívocos geralmente associados a esta língua:
- LGP é uma língua e não uma linguagem, como se assume habitualmente;
- Não existem surdos-mudos, pois uma pessoa surda tem capacidade, a nível do aparelho fonológico, de vocalizar e de proferir sons e, consequentemente, palavras;
- A expressão facial equivale a um 1/3 da comunicação;
Nessas aulas, aprendemos a ouvir o silêncio, o que no meio do tamanho ruído ensurdecedor do quotidiano, é uma verdadeira catarse, um exercício de purificação. E, entretanto, as mãos lá vão falando, encaminhando-nos para trilhos ocultos que a voz ainda não tinha descoberto…
Nessas aulas, aprendemos a ouvir o silêncio, o que no meio do tamanho ruído ensurdecedor do quotidiano, é uma verdadeira catarse, um exercício de purificação. E, entretanto, as mãos lá vão falando, encaminhando-nos para trilhos ocultos que a voz ainda não tinha descoberto…
Comentários
Um beijo grande e até lá...
Di
O almocito espero que seja para breve. Já tenho saudades. Imensas!
Beijocas
um abraco fornense.