Memorável
Comecei há dias a ler compulsivamente (como deveria ser sempre o acto da leitura, por essência, com sofreguidão e na vertigem da finitude) o livro de memórias de Rosado Fernandes, com o sugestivo e apetitoso título: Memórias de um rústico erudito - Viagem à volta de lentes, terras e políticos.
Numa noite de insónias (as mais produtivas e interessantes, no fundo. A vida por uma sucessão de insónias iluminadas!), há alguns anos, assisti ao programa de Baptista Bastos Conversas Secretas (que ia para o ar a horas naturalmente impróprias, como todos os programas de qualidade da televisão portuguesa), cujo convidado era Rosado Fernandes, político, homem das Letras, fundador da CAP e, acima de tudo, irreverente por natureza.
Foi precisamente a ironia corrosiva desta figura quase renascentista, pela imensidão de funções que desempenhara na sua vida, que me prendeu de imediato. É muito raro, sobretudo em Portugal, país de pergaminhos empoeirados e de vénias submissas, encontrar uma voz completamente diferente (ainda por cima de direita, historicamente mais propensa ao cultivo do convencionalismo) que se mune de um sarcasmo acutilante para pôr o dedo na ferida e contestar o estado de coisas actual.
Esta autobiografia é um convite a entrar no universo particular deste político notável, atravessando todo o século XX português e quiçá, concluindo, que este Portugal continua a ser muito pequeno e tacanho para acolher personalidades como esta, que fazem da provocação uma saudável forma de estar na vida e de manter a sanidade, num país que parece ter perdido a noção de qualquer lógica.
Vou ainda no início de uma viagem que se prevê memorável, sob o signo do humor e da ironia, os meios mais eloquentes de reflexão.
Numa noite de insónias (as mais produtivas e interessantes, no fundo. A vida por uma sucessão de insónias iluminadas!), há alguns anos, assisti ao programa de Baptista Bastos Conversas Secretas (que ia para o ar a horas naturalmente impróprias, como todos os programas de qualidade da televisão portuguesa), cujo convidado era Rosado Fernandes, político, homem das Letras, fundador da CAP e, acima de tudo, irreverente por natureza.
Foi precisamente a ironia corrosiva desta figura quase renascentista, pela imensidão de funções que desempenhara na sua vida, que me prendeu de imediato. É muito raro, sobretudo em Portugal, país de pergaminhos empoeirados e de vénias submissas, encontrar uma voz completamente diferente (ainda por cima de direita, historicamente mais propensa ao cultivo do convencionalismo) que se mune de um sarcasmo acutilante para pôr o dedo na ferida e contestar o estado de coisas actual.
Esta autobiografia é um convite a entrar no universo particular deste político notável, atravessando todo o século XX português e quiçá, concluindo, que este Portugal continua a ser muito pequeno e tacanho para acolher personalidades como esta, que fazem da provocação uma saudável forma de estar na vida e de manter a sanidade, num país que parece ter perdido a noção de qualquer lógica.
Vou ainda no início de uma viagem que se prevê memorável, sob o signo do humor e da ironia, os meios mais eloquentes de reflexão.
Comentários
Saudacoes d'Algodres.