Há um ano. Para memória futura.

Quem trabalha na área da promoção turística sabe que a linguagem do Turismo se faz de optimismo, de boas energias, de sentido de humor e de oportunidade, enaltecendo todo o potencial de um país, de um povo, de uma identidade.

É um verdadeiro privilégio saber que, à nossa maneira, com profissionalismo e dedicação, somos embaixadores de um país, sempre que acompanhamos jornalistas, operadores turísticos estrangeiros ou potenciais visitantes, nos certames internacionais do sector.

E é neste estreito contacto que partilhamos a nossa paixão desmedida por este país de sol, do Atlântico, da roupa estendida nas janelas, numa verdadeira sinfonia de cor e de cuecas XXL, da suculenta gastronomia, dos vinhos de excelência, das inebriantes paisagens que se sucedem vertiginosamente. Das dunas à serra, é um sopro e essa diversidade fascina todos aqueles que nos visitam. E todos ficam apaixonados por este país que sabe tão superiormente receber e falar todas as línguas, com uma prontidão desarmante.

Quando uma tragédia destas dimensões e com estes contornos se abate sobre nós, ficamos atónitos, sem norte. Incrédulos perante os discursos de grandiloquente pendor moralista dos nossos governantes que, basicamente, nos têm desgovernado ao longo de décadas de falência democrática. O mais rotundo fracasso! Somos órfãos de líderes com visão e com estratégia. O ordenamento territorial pura e simplesmente tem falhado em toda a linha, a par de um débil entendimento das questões ambientais à escala global.

Dói-me este desconcertante encolher de ombros dos nossos sucessivos governantes, num eterno ping-pong de atribuição de culpas. Dói-me amar tanto este país e, ao mesmo tempo, ver um horizonte tão despojado de esperança.

Quero acreditar que iremos renascer das cinzas, como sempre. Mas teremos de, colectivamente, aprender algo com tudo isto. Aprender a exigir melhores governantes, a participar mais na "res publica" e a perceber a urgência da mudança de comportamentos. Começa por nós.

E que o mais azul e português dos céus suceda a estes dilacerantes tons de cinza e de devastação. E que os sorrisos ecoem mais forte do que este silêncio opressor.