Ode às Mães

O grande Hermann Hesse dizia que aprendeu o que era o Amor com a sua mãe. São elas que nos ensinam a capacidade de amar, a entrega e a dedicação potencialmente infinitas, numa poética equação que desafia as leis da Matemática.
Quando nos tornamos mães, tudo se torna perfeitamente cristalino. É como se um círculo se fechasse e, de repente, sentimos correr no sangue esse Amor incondicional, abnegado, inesgotável por aquele ser que, em si mesmo, é um milagre da vida, uma bênção sem fim, um sonho que, por fim, ganhou corpo!
Mas também há turbulências no início desta viagem: um admirável mundo novo que se nos irrompe pela frente, com tudo o que comporta: novas rotinas, um défice de sono brutal, muita ansiedade e, sobretudo, medo. Um medo tremendo de ficar aquém. Medo do imponderável, de tudo aquilo que não se pode prever. Medo de não conseguir cumprir de forma irrepreensível todas as tarefas (esta veia germânica é impiedosa) e de não conseguir vencer sistemáticas batalhas. A par de tudo isto, o turbilhão hormonal, um corpo à mercê de uma lenta metamorfose, lágrimas que caem num dilúvio muitas vezes inexplicável, mas necessário, porque purificador, o desejo de partilhar as dúvidas e as inquietudes com quem já atravessou estes oceanos agitados nesta viagem transformadora, para sentir que não estamos sozinhas no mundo.
Como é insondável e complexo o universo no feminino! Como são dignas de admiração e de aplauso todas as mães que, logo após darem à luz, se arrastam na maternidade, com os seus corpos ainda disformes e macerados, com o único intuito de alimentar os seus bebés, fazendo das tripas coração e esboçando ténues e trémulos sorrisos às outras mães desconhecidas que também travam essa belíssima batalha. Não são necessárias palavras, nem qualquer idioma. As mães entendem-se na sintonia do silêncio.
Só o Amor nos faz chegar a bom porto. Esse mesmo Amor incondicional. Abnegado. Inesgotável.
Nele reside a certeza de que somos capazes de ser boas mães. Para lá das dúvidas, dos medos e das olheiras. É o Amor que ilumina o caminho.